domingo, 17 de dezembro de 2017

ADOLESCENTE DE IRAUÇUBA É ELEITA PARA REPRESENTAR O CEARÁ NO COMITÊ NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO INFANTIL

Por Antonio de Oliveira Lima


A adolescente Shilhey Maria Albuquerque dos Santos, 14 anos,  foi eleita neste sábado (16 de dezembro) para representar o Ceara junto ao Comitê Nacional de Adolescente na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Conapeti), ao lado de Felipe Caetano, que já integra o colegiado desde sua fundação, em setembro deste ano. O resultado foi obtido em segundo turno de votação, depois de uma acirrado primeiro turno, realizado na última sexta-feira, 15, com a participação de quatro candidatas, das quais 3 empataram em primeiro lugar, com onze votos cada (Andressa, Isadora e Shirhey). Nasceu em Itapajé-CE, mas logo foi morar em Irauçuba-CE, com sua avó, Maria Gilvani, 59, em virtude da separação de seus pais, Antonio Claudemir e Ana Paula. 

A mais recente integrante do Conapeti é também a mais nova do grupo. Apesar de muito jovem, Shirley traz na bagagem uma vasta experiência de participação nos espaços de discussão de políticas publicas sobre os direitos da criança e adolescente. Sua militância começou muito cedo. Aos oito anos foi escolhida para representar sua escola na Conferência Municipal dos Direitos da Criança de do Adolescente de Irauçuba. Com 10 anos começou a participar do Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (Nuca), iniciativa do Selo Unicef. Em novembro de 2015 participou ativamente da companha "Fora da Escola na Não Pode", realizada pelo Nuca. 

Aos doze anos participou do I Encontro Cearense de Adolescentes sobre Trabalho Infantil (Ecapeti), promovido pelo Peteca (Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente), evento que contou com a participação de duzentos adolescentes de cem municípios cearenses. Durante o Ecapeti foi criado o Comitê Estadual de Adolescentes na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Ceapeti), com 40 membros, dentre eles Shirley Maria. Ela está sempre presente nos eventos sobre trabalho infantil. Em 2016, além do primeiro encontro estadual de adolescente (Ecapeti), participou das conferências sobre trabalho infantil, nas etapas regional e estadual. 

Em 2017 Shirley participou da primeira oficina estadual sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, da reunião do comitê estadual e do primeiro encontro nacional (Enapeti). Em Irauçuba já proferiu diversas palestras nas escolas sobre trabalho infantil, gravidez na adolescência, dentre outros temas. Na última terça-feira, 12, proferiu palestra sobre Protagonismo Juvenil para alunos do ensino fundamental de seu município. Mas a principal realização em 2017 foi a conclusão do ensino fundamental, no Centro Educacional Professor Antonio Barbosa Braga. Em 2018 começa uma nova fase de sua carreira escolar, o ensino médio, possivelmente numa das escolas profissionais de tempo integral da rede estadual de ensino. 

Entrevistamos a adolescente para saber um pouco mais dessa história. A seguir algumas perguntas e respectivas respostas.

1. Como tudo começou?
"Tudo começou aos oito anos, quando foi representar minha escola em uma conferência municipal sobre os direitos da criança e do adolescente".

2. Que fatores ou pessoas favoreceram sua militância.
"Minha família e a realidade do meu município".

3. O que te motiva a seguir na luta?
"Acreditar que conseguiremos um município melhor, estado e um país melhor, onde nossas crianças e adolescentes possam ter seus direitos garantidos, em acreditar que podemos mudar a triste realidade de vida de milhões de crianças e jovens".

4. Quem são suas referências nessa caminhada.
"Antonio de Oliveira Lima. Conhece? Rsrs. Um verdadeiro exemplo, a todos os jovens que estão na luta".

5. Quando se fala em trabalho infantil que imagens ou histórias de vida que lhe vem à mente?
"De um colega de sala, que desistiu de estudar para trabalhar, e de uns meninos que vendiam algodão doce na rua".

6. Como se deu a sua participação no Ecapeti (primeiro encontro estadual)? Porque você foi escolhida/convidada? 
"Estava no Nuca e me falaram sobre o comitê; na mesma hora eu manifestei interesse em participar".

7. Qual a importância do comitê estadual para a sua militância?
"É muito importante, pois a partir do comitê estadual que pude realmente perceber que podemos e devemos lutar por nossos direitos; foi no comitê que comecei a aprofundar sobre os direitos, sobre nosso estatuto, foi aí que comecei a reparar mais na minha comunidade, nas crianças".

8. Qual a expectativa em relação a sua participação no Conapeti (Comitê Nacional)?
"Adquirir novos conhecimentos, apresentar novas sugestões de como melhorar nossa atuação, como erradicar o trabalho infantil".



Segue as imagens de alguns momentos da militância de Shirley na luta contra o trabalho infantil. 


I ENCONTRO ESTADUAL DE ADOLESCENTES SOBRE PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL (ECAPETI) - 14.3.2016.



COMITÊ ESTADUAL DE ADOLESCENTES NA PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL (CEAPETI CEARÁ) - 14.3.2016.



I Conferência Estadual sobre Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil do Ceara (CEPETI-CE) - 6 e 7.6.2016


I Reunião do Comitê Estadual de Adolescentes na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil - CEAETI-CE - 8.5.2017

I Oficina Cearense sobre Prevenção e Combate ao Abuso e á Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - 29.5.2017

Palestra sobre Trabalho Infantil na Escola Municipal Paulo Bastos - 30.5.2017



Reunião sobre Participação de Adolescentes nos espaços de deliberação de políticas publicas


I Encontro Nacional de Adolescentes sobre Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (ENAPETI) - 4 e 5.9.2017



Ciclo de Palestras sobre Protagonismo Juvenil . 12.12.2017


*Antonio de Oliveira Lima é Procurador do Ministério Publico do Trabalho (MPT/CE), idealizador e coordenador Geral do Peteca, iniciativa da qual resultaram diversos projetos e ações de prevenção e erradicação do trabalho infantil no Ceará e no Brasil, dentre elas a Acepeti, a Rede |Peteca, o Ceapeti e o Conapeti, executados pelo MPT/CE em parceria com entes públicos, entidades da sociedade civil e profissionais da rede de proteção da criança e do adolescente.